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Fonoaudiologia e atraso de fala —

  • comunicacomafetofo
  • 11 de fev.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de set.

Marcos do desenvolvimento e o que a ciência recomenda


A linguagem e fala infantil seguem uma sequência previsível de marcos ao longo dos primeiros anos de vida, principalmente nos casos típicos. Conhecer esses marcos ajuda a identificar precocemente um possível atraso e a encaminhar para avaliação e intervenção. Intervenções precoces, baseadas em evidência, aumentam a chance de melhores resultados comunicativos e funcionais.


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Marcos do desenvolvimento da comunicação e audição:


Idades e habilidades são aproximações; intervalo de variação é normal. Use como guia para rastreio e atenção.

  • 0–3 meses

    • A criança reage a sons fortes, mas de forma reflexa (sobressalto, piscar, movimentos gerais).

    • Vocaliza (sons confortes, guinchos).

    • Sorriso social; olha para rosto humano.


  • 4–6 meses

    • Balbucio com variação (ba-ba, da-da), vocalizações mais intencionais.

    • Reconhece vozes familiares; turno de trocas vocais com o adulto.

    • Por volta de 4 meses → começa a virar a cabeça lateralmente em direção à fonte sonora no mesmo plano da orelha.

    • 6 meses → consegue localizar sons na lateral e parcialmente na vertical (acima/abaixo).

  • 7–12 meses

    • Balbucio canônico (sílabas repetidas); primeiras palavras (mamã, papá) perto de 9–12 meses.

    • Compreensão de palavras simples e reage ao próprio nome.

    • 7 a 9 meses → já consegue localizar sons em qualquer direção (plano lateral, vertical e atrás).

    • A partir dos 12 meses → a localização do som está bem estabelecida e refinada.


  • 12–18 meses

    • Vocabulário receptivo maior que o expressivo; produz 5–20 palavras por volta de 18 meses.

    • Usa gestos intencionais (apontar) para comunicar.


  • 18–24 meses

    • Expansão rápida do vocabulário;

    • Combinações de 2 palavras por volta de 2 anos.

    • Segue comandos simples sem gestos (mais complexos).

    • Pode nomear objetos ou partes do corpo;

    • Compreende muitos mais termos do que fala.


  • 2–3 anos

    • Frases de 3 palavras; fala compreensível para família (50–75% compreensível).

    • Usa pronomes e formas verbais simples.

    • Faz perguntas simples

    • Começa a usar plurais


  • 3–5 anos

    • Vocabulário e sentenças mais complexas;

    • Linguagem narrativa mais evidente

    • Compreensão de perguntas por “por que” e “como”.

    • Fala mais inteligível com alguns processos fonológicos (trocas na fala) ainda existentes Quando considerar “atraso de fala” e encaminhar para avaliação fonoaudiológica:


      • Aos 12 meses: ainda sem balbucio canônico e sem palavras inteligíveis.

      • Aos 18 meses: menos de 6 a 10 palavras espontâneas e sem tentativa de combinar palavras.

      • Aos 2 anos: não combina palavras; compreensão muito limitada.

      • Perda de habilidades comunicativas (regressão).Essas recomendações seguem guias e checklists usados por associações profissionais e pediatras. Encaminhamento precoce é enfatizado na literatura como passo crítico.


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Evidência sobre avaliação e intervenção — o que a ciência diz:

  1. Triagem e avaliação precoce funcionam

    Ferramentas de triagem e monitoramento do desenvolvimento ajudam a identificar crianças em risco; órgãos internacionais (WHO, ASHA) e sociedades pediátricas recomendam monitoramento regular do desenvolvimento da linguagem em consultas de rotina médica. Além disso, há escolas e centros educacionais que tem apoio de educadores e profissionais da saúde, ou até mesmo um fonoaudiólogo especialista em Fonoaudiologia Educacional que servem como apoio inicial para observar os atrasos nestes marcos.

  2. Intervenções precoces trazem benefícios, mas variam conforme abordagem e população

    Revisões sistemáticas mostram que intervenções iniciadas nos primeiros anos tendem a melhorar resultados de linguagem, especialmente quando são intensivas, individualizadas e orientadas por profissionais. Contudo, a qualidade metodológica dos estudos varia e os efeitos dependem do diagnóstico (por exemplo, atraso idiopático vs. transtorno do espectro autista vs. surdez), de acordo com o estudo de Lane et al, 2021.

  3. Intervenções mediadas pelos pais/cuidadores têm evidências promissoras — com ressalvas

    Programas que treinam pais para enriquecer a comunicação (técnicas de responsividade, modelagem, seguimento do interesse da criança) têm mostrado efeitos favoráveis na linguagem expressiva de “late talkers” e em populações com risco; porém, revisões (incluindo Cochrane) apontam variação na qualidade das evidências e pedem estudos mais robustos para algumas condições específicas (Suttora et al, 2021). Ainda assim, o envolvimento familiar é um pilar recomendado, por isso, é necessário o acompanhamento fonoaudiológico, desde a avaliação e no tratamento termos como parceiros e como pilar de evolução (familia - escola - profissional), todos unidos e estimulando.

  4. Abordagem multidisciplinar é essencial

    Avaliar audição, saúde geral (problemas médios de ouvido), desenvolvimento cognitivo e ambiente familiar é necessário para formular plano terapêutico adequado. A interconsulta com pediatria, otorrinolaringologia e educação é comum nas boas práticas (Rupert et al., 2023).



O papel da fonoaudiologia:


A fonoaudióloga fará avaliação detalhada (receptiva, expressiva, fonética/fonológica, pragmática), triagem auditiva quando necessário, e irá propor intervenções: sessões diretas, orientação e capacitação a cuidadores, adaptações do contexto, e articulação com outros profissionais. O objetivo final é integrar a linguagem funcional no cotidiano da criança e família.


FONTES:


  • ASHA — Developmental Milestones: Birth to 5 Years.

  • American Family Physician — Speech and Language Delay in Children (revisão clínica, 2023).

  • Suttora C. et al., Parent-implemented language intervention (2021).

  • Cochrane Review — Parent-mediated interventions for promoting communication and language development (2018).

  • Sociedade Brasileira de Pediatria — cartilha / material sobre marcos do desenvolvimento (2024).

  • O Manual de Triagem Auditiva Neonatal do Ministério da Saúde e estudos brasileiros sobre desenvolvimento auditivo.

 
 
 

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